As taturanas, também conhecidas como marandová, lagartas de fogo ou bicho-que-queima, são estágios larvais de alguns insetos da ordem Lepidoptera, que corresponde às borboletas e mariposas em idade adulta.
A taturana assassina (Lonomia obliqua), pertencente à família Saturdinae tem esse nome devido ao seu poder letal: elas são venenosas e podem provocar insuficiência renal, hemorragias e levar a vítima a óbito.
Características físicas das Taturanas
[su_note note_color=”#cfeeff”]Apesar de potencial assassina, a taturana costuma ser bem pequena, medindo cerca de cinco até sete centímetros de comprimento.[/su_note]
Sua coloração pode variar bastante, mas geralmente corresponde à tons verdes, representando cores bem vivas e chamativas (que frequentemente geram acidentes com crianças, que se veem atentadas a tocá-las). Além da coloração, elas também possuem estruturas brancas em formato de “U” ao longo do corpo.
Seu corpo é coberto por cerdas urticantes em forma de espinhos, responsáveis pela disseminação de seu veneno tóxico e letal.
Depois da passagem pelo estágio completo de metamorfose, tais lagartas darão origem a uma mariposa de coloração cinza nas fêmeas e amarelo ou laranja nos indivíduos machos.
Onde encontrá-las?
A espécie é nativa da região sul do Brasil, sendo responsável por dezenas de mortes desde seu primeiro ataque registrado em 1989.
Apesar de ser comum na cidade de Passo Fundo (estado do Rio Grande do Sul), já foi relatada sua presença até no Amapá.
Sua proliferação se dá em períodos de chuva e calor da região, geralmente entre os meses de dezembro a fevereiro. É possível encontrá-las em troncos de árvores, geralmente camufladas e em grupos (o que pode tornar os acidentes ainda mais graves).
Geralmente está localizada em áreas próximas de mata nativa, incluindo o meio urbano e suas moradias, fator que é facilitado pelo processo de desmatamento das florestas locais. Anteriormente eram localizadas em cedros e aroeiras, mas agora podem aparecer em pomares domésticos, sobretudo em pessegueiros, ameixeiras e abacateiros.
Reprodução e ciclo de vida
As mariposas adultas vivem uma média de quinze dias. Após o acasalamento entre machos e fêmeas, elas botam os ovos em folhas e troncos de pomares que, ao eclodirem, dão origem às temidas taturanas assassinas (período larval de lagarta).
O período larval costuma durar até três meses, que geralmente corresponde as épocas mais quentes do verão. Passado esse tempo, se transformam em mariposas adultas, dando continuidade ao ciclo de vida da espécie.
Alimentação
A alimentação das lagartas se dá exclusivamente da planta hospedeira, sobretudo no período noturno.
Ecologia
Seu principal predador é uma mosca (família Tachinidae) que deposita ovos sem seu interior, fazendo com que as larvas se alimentem do seu corpo. Além da mosca com larva parasitoide, uma outra espécie de vespa (família Ichneumonidae) tem o mesmo comportamento com as tarântulas.
Além desses insetos, alguns vermes (família Mermitidae), percevejos (família Pentatomidae) e um vírus nomeado loobMNPV também são perigosos para a sobrevivência do animal.
Não são opções viáveis de alimentação para aves nem mamíferos pois suas cerdas fortes acabam machucando tais animais.
Acidentes com a Tarturana
Somente em 2017 foram registrados mais de 700 acidentes em todo o país, sendo considerada um sério risco para populações da região.
O número de acidentes aumentados é consequência direta do desmatamento, que diminui os predadores naturais da espécie e obriga as taturanas a se aproximarem do meio urbano e dos pomares domésticos.
Frequentemente os acidentes ocorrem de maneira bem inofensiva: a pessoa está tocando no pomar e sem querer encosta ou espreme a lagarta, fazendo com que esse contato libere o veneno contido nas cerdas espinhosas do animal.
Nem sempre um acidente é grave, tudo depende da quantidade de animais e da quantidade de veneno que foi inoculada de acordo com o contato (se ele foi leve ou se houve pressão nas cerdas da lagarta).
[su_note note_color=”#cfeeff”]Em caso de acidente, procure imediatamente ajuda médica.[/su_note]
Os acidentes costumam envolver apresentação de sintomas bem sérios, como:
- insuficiência renal aguda;
- sangramento na urina e na gengiva, caracterizando uma grave síndrome hemorrágica;
- dor e irritação no local do contato;
- dor de cabeça e ânsia (podem não ocorrer em todos os casos);
- sangramentos em outros locais, como: pele, nariz e pequenos ferimentos.
Caso aconteçam, existe a possibilidade de aplicação de soro antilonômico, que tem se mostrado bastante efetivo para o tratamento das vítimas.
O soro costuma ser fabricado pelo Instituto Butantan a partir da imunização da toxina da lagarta com antígenos específicos, mas sua eficácia depende de um rápido encaminhamento médico após a ocorrência do acidente.
O que fazer em casos de acidentes?
- Procure um serviço de emergências médicas imediatamente;
- Lave bem o local com água corrente;
- Não passe nada em cima da queimadura (café, pasta de dente, álcool) e aguarde as recomendações médicas;
- Faça compressas frias no local;
- É indicado levar com você alguns exemplares da lagarta fechados em um frasco. Não esqueça de deixar algumas folhas de planta para alimentação e permitir a ventilação. Isso vai facilitar a identificação das lagartas e promover um diagnóstico mais correto.